Combater o <i>lay-off</i> na <i>Gate Gourmet</i>

Desde segunda-feira que na empresa de ca­te­ring, Gate Gourmet, está a ser aplicado um lay-off de cinco meses. No dia 12, os trabalhadores alertaram os clientes e exigiram a intervenção do Ministério da Economia.
À porta da zona das chegadas do aeroporto da Portela, em Lisboa, numa tarde de forte vaga de frio, representantes sindicais e trabalhadores distribuiram, aos passageiros, um comunicado a alertar para a suspensão dos contratos, com cortes nos horários e nos salários dos 70 trabalhadores da Gate Gourmet.
«Pretendemos alertar para esta imposição que consideramos de muito duvidosa legalidade e, por isso, exigimos a intervenção do Ministério da Economia», explicou ao Avante! Rodolfo Caseiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.
Num comunicado à imprensa, distribuído durante a acção, o sindicato da CGTP-IN acusou a administração de ter tentado «eliminar um conjunto de direitos consagrados no Acordo de Empresa», para poder implementar «a polivalência total de funções e alterações dos horários de trabalho». Como, com a sua luta, os trabalhadores rejeitaram aquelas alterações, a administração «tirou da cartola a aplicação do lay-off», justificando-a com a saída de um cliente, a angolana TAAG que, segundo a empresa, representará 40 por cento da facturação anual da Gate Gourmet.
Segundo o sindicato, a aplicação deste lay-off, em vez de servir para viabilizar a empresa, antes coloca-a em risco, «porque há secções que ficam sem trabalhadores suficientes para o seu funcionamento, pondo em risco o futuro da empresa e dos postos de trabalho». Rodolfo Caseiro também lembrou que a empresa continua a ter, como clientes, outras companhias que reconhecem o bom desempenho na confecção de refeições servidas a bordo dos aviões, havendo a possibilidade de captação de outros clientes que compensem a saída da companhia aérea angolana.

Ex­trema má-fé

Num plenário, a 29 de Janeiro, os trabalhadores consideraram que todo este processo está imbuído de uma «extrema má-fé». Numa moção aprovada na altura, salientou-se como a administração da Ca­te­ringpor/​TAP, para captar o cliente TAAG, «utilizou capital do Estado e reduziu o preço dos seus serviços», tendo criado uma «concorrência desleal, cujas consequências recaem, agora, sobre os trabalhadores».
Quando as organizações representativas do trabalhadores pretenderam constatar, ao abrigo da lei, no fim do ano passado, o balanço e os resultados da empresa que é, em parte, gerida com dinheiros públicos, «a administração recusou, argumentando que «o mesmo contém informação extremamente sensível», recordou o sindicato, no comunicado distribuído à imprensa.
Trabalhadores e representantes sindicais comprometeram-se a lutar «pela defesa dos direitos dos trabalhadores e pela sua dignidade», numa empresa há mais de 50 anos a confeccionar refeições servidas a bordo dos aviões.


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